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quarta-feira, 6 de julho de 2011

O Tempo ! Paulo Esdras

  • O segredo do tempo é consumi-lo sem percebê-lo.
    É fingir-se infinito para não o vermos passar
    É fazer-se contar em anos em vez de momentos

    Relógio, despertador, cronômetro, calendário

    Tudo engodo para imaginarmos prendê-lo, controlá-lo

    Ampulheta, único instrumento sincero do tempo

    Regressivamente, nos impõe a gravidade
    De haver realmente um último grão
    Riscando na areia a nossa fragilidade

    Mas o tempo é imparcial

    Não distingue rico de pobre
    Preto de branco, homem de mulher
    Devora-se sem escolhas

    Matar o tempo é matar-se sem sentido

    Perdê-lo é viver em vão

    Faz-se devagar nos maus momentos

    Depressa quando o queremos

    Ponteiro invisível da vida

    Peça necessária do fim

    A sua fome é insaciável

    A sua vontade é determinante
    A sua procura é unanime

    Se esconde nas sombras que se movem

    Nos objetos que não mais servem
    Nas pessoas que nunca mais vimos
    Na podridão das frutas que não foram colhidas
    Nas lembranças já esquecidas

    Revela-se nas fotos que se desbotam

    Nas cartas que amarelam
    Nas crianças que crescem
    Nas rugas que aparecem

    Deixa-nos a esperança de Pandora

    Nas ações dos que virão
    No nascimento dos rebentos

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